segunda-feira, 10 de maio de 2010

"Saboreie a vida!"

Certa vez me encontrei com homem de aproximados 50 anos, cabelo grisalho, bem vestido, mas informal, ele usava discretos anéis e correntes, homem de boa conversa, gestos fortes e sorriso franco, não possuía medo algum de gargalhar por aquilo que lhe parecia engraçado e nem de fazer careta para aquilo que lhe desagradava, muito bem articulado nas suas idéias, e na forma de as expor aos demais.
Fiquei realmente admirado com tamanha descontração e seriedade, e isto não aparecia de forma alternada, mas em simultâneo, algo extremamente difícil de se encontrar, geralmente as pessoas se tornam pedantes por serem sérias demais ou então são consideradas como indignas de confiança por serem descontraídas em excesso. Posso afirmar o que aquele homem trazia consigo era algo não único, porém raro.
Do diálogo de pouco tempo que tive com ele recolhi um conselho, que me repetiu por umas duas vezes durante a conversa com um largo sorriso, “saboreie a vida”.
Quando ele se referia a saborear a vida dizia isso não no sentido de sair por ai imprudentemente querendo se aproveitar de todos os prazeres mundanos e espirituais da vida como o personagem Doryan Gray de Oscar Wild, nem de ser moral naquilo que se faz em função do que uma sociedade ou instituição prega e condena.
O saborear a vida a que se referia era aproveitar sempre que possível de tudo aquilo que temos acesso, existem muitas coisas óbvias que podemos fazer e a melhor forma de fazer (em minha opinião, se encontrarem outra aproveitem) é agir com calma, não aquela calma de quem é apático, mas a calma de quem não tem pressa de ir, vir ou estar.
Tirem um dia da semana (que possui sete!!) e tentem nesse dia saborear tudo o que puderem, se dormirem menos do que queriam aproveitem o sono que terão ao acordar, encarem essa sensação de forma diferente ela já não será tão penosa, aproveite o seu café e almoço, não como quem come por que necessita, mas pelo fato de que cada comida, cada tempero tem algo especifico, único e é exatamente estes sabores que devemos aproveitar, saborear.
Saboreie as relações, com amigos, parentes e com suas namoradas (os), não digo para fazerem isso como se fossem objetos, mas sim saborear o sentimento que construirão naquele momento, saboreiem o beijo da menina que está com você se for para beija-la por obrigação saboreie a sensação de dizer “prefiro não te beijar hoje”, se der briga saboreie a briga, pois tudo isso faz parte dos nossos dias, façam sexo de forma que seja tudo, menos o que ensinam na escola (“daí o pênis do homem recebe sangue ficando ereto e então ele introduz na vagina da mulher dando início ao ato de cópula . . .”), diria que no sexo é onde podemos saborear mais sensações simultâneas.
Por exemplo, hoje passei quase três horas em filas de banco, dormi pouco, minha cabeça doeu, porém encarei isso de forma diferente, (não como um dia de azar que deus tinha me dado!) curti cada sensação, e ao invés de ficar reclamando em casa, fumei um cigarro, não como um fumante compulsivo, mas como alguém que estava saboreando um vício, tomei um cappuccino lentamente olhando o movimento frenético das pessoas na rua, me atrasei para a aula, porém cheguei lá, sorrindo largamente, fiz elogios, fiz piadas, fiz minhas obrigações com prazer, e o dia que era para ser “de azar” foi realmente bom. Ah! O mais importante, hoje escrevi este texto para o meu blog.
Acho que de uma maneira geral o conselho do velho homem funcionou, ao menos por hoje.

Um comentário:

  1. cara muito bom o texto!
    gostei do jeito que tu observa as características e tudo mais
    muito bom!

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